quinta-feira, 30 de junho de 2011

o que fica?

Fico pensando, em dias como hoje, especialmente, fico pensando do que eles vão lembrar. Dias em que sou mal-humorada, brava, impaciente, chata. Dias em que beiro a insanidade e que nada nada nada me agrada. Sou horrível, sou dura, não presto.

Que mãe lhes restará quando eu não estiver mais tão perto e não tiver mais tanta importância? Onde se agarrarão as lembranças? Nos risos, nos carinhos, nas danças, nas histórias? Ou nos gritos, na ausência, na má vontade para brincar?

E que vontade de apagar tudo e manter a minha aparência de mãe-maravilha! Mas não. Se é para vocês (e para mim) que escrevo, meus gurizinhos, não posso. A gente sabe.

Lembro que uma das primeiras sensações que eu tive, ao ter vocês, foi a de estar compreendendo os meus pais. Foi como se eu estivesse devolvendo para meus pais, através de vocês, o que eles fizeram por mim. E, olha, não é pouca coisa.

Não acho que só quem tem filhos pode entender isso, mas eu só entendi quando os tive. Assim tenho entendido, porque os filhos, mais do que um companheiro ou um amigo, sabem tudo da gente. E, ao contrário do companheiro ou amigo, não têm escolha. Eu sou a mãe deles. Ponto final. Lidem com isso. Lidemos.

Espero deixar pra vocês, menininhos, a vontade de serem felizes, a vontade de saber, o respeito pela diferença, a tolerância, a graça, a leveza nas relações, as possibilidades. E o perdão.

O perdão pelos erros que eu cometo, que eu cometo, e continuarei cometendo. Porque sou eu, porque sou assim. Talvez faça parte do pacote, meus amores, do pacote que lhes coube. Queria ser bem melhor, estar à altura desses dois coraçõezinhos, mas dizem, com razão, que os filhos superam os pais.

Vocês são a prova definitiva de que isso é a mais pura verdade.

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